sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A vaca de minha mãe

Quando eu era mais novo, vivia com meus pais na fazenda que meus tataravós deixaram para meus bisavós que deixaram para os meus avós que deixaram para os meus pais que deixaram para mim que não pude cuidar e vendi.

O que eu estava falando mesmo...ah sim, a fazenda de meus pais...que era dos meus tataravós que deixaram para meus bisavós que...ah, perdoe-me, já havia dito essa parte.

Então, a fazenda. Era um lugar muito bonito, vasto, com muitos animais, aqueles bichos todos de fazenda, sabe? Pois é. Lá nossa família tinha a Bimba.

A vaca de minha mãe, Bimba, todo dia vivia muito feliz pastando com outras vaquinhas e boizinhos até que aconteceu um acontecido. 

Minha falecida mãe que me passou essa história que vou-lhes contar agora. Quando aconteceu eu era muito menino e não me recordava, mas depois de menino crescido, ela fazia questão de me contar toda a noite dizendo:

- Albert, meu filho, um dia essa história vai rodar o mundo! Nunca se esqueça dela, de nossa Bimba!

E com este, venho satisfazer as poucas vontades de mamãe. 



Era uma vez uma vaca.
Bimba era uma vaca magra, malhada e cagada.
Um dia a vaca zuniu, caiu se dirigiu para a porta de entrada da casa.
Uma vez, sem freguês com algidez se fez de morta
E morta ficou, chorou, lamuriou!

A vaca fedia, entupia e cheia de azia ficou
No canto, no plano sem manto.
Mas um novo dia chegou, gritou e pulou,
Para uma nova farsa, sem alça, sem calça.
Andou pela rua, nua e perua,
Para chamar atenção de um dono, sem sono, no abandono.

Sozinha, na linha, com sua mantinha,
Marchou em direção a uma nova casa, sem asa, na Nasa.
Na estação espacial ficou, se alojou e se pendurou
Em uma cama, uma dama sem fama
E de lá nunca mais saiu, fugiu ou traiu.


In Memoriam 
Bimba, a vaca de minha mãe.





O texto

Era uma vez um texto que precisava ser escrito, mas não havia ninguém para escrever.

Certo dia, pairando pelo ar, esperando ansiosamente por alguém ávido a escrever, uma menina sentiu uma leve brisa em seu rosto e notou que era uma brisa diferente.

Conseguiu perceber que algo intrigante e desafiador estava para acontecer. Então, por pura intuição, levantou as mãos para o alto e conseguiu alcançar a escrita. E desde esse dia , a menina nunca mais deixou de escrever o texto que precisava ser escrito.